O livro tinha grandes quantidades de arsênico em suas páginas.
No filme O nome da rosa, baseado no romance de Umberto Eco, havia um livro escrito com tinta venenosa que matava a todos que passavam suas páginas assassinas. Sem entrar no enredo do filme, podemos ver que não é nada impossível uma artimanha como essa. Basta um título interessante, uma tinta misturada a um poderoso veneno e estão feitas as vítimas. Não foi exatamente com essa intensão que o médico e químico americano, Robert Clark Kedzie, fez seu livro venenoso, mas sua idéia poderia ter protagonizado uma tragédia.
Tudo começou quando ele publicou um artigo em que denunciava os riscos do papel de parede para a saúde humana. O arsênico no final do século XIX era amplamente usado na agricultura, na indústria farmacêutica e também em papéis de parede em várias partes dos EUA.
Em 1887, a American Medical Association estimou que, entre 1879 e 1883, 54-65% de todos os papéis de parede vendidos nos Estados Unidos continham arsênico, um terço dos quais em níveis perigosos. O grande problema em usar aqueles papéis de parede envenenados era que em pouco tempo, havia a possibilidade do pigmento venenoso escorrer ou ser escovado do papel e flutuar no ar como pó inalável ou se instalar nos móveis da casa.
Kedzie no seu artigo, citou vários casos de envenenamento de papel de parede, entre eles o caso de uma família em Manchester no condado de Washtenaw.
Poucos deram atenção ao artigo do médico e daí ele teve uma idéia extrema para conscientizar as pessoas a respeito do perigo que corriam. Primeiro arranjou 86 amostras de rolos do papel de parede venenoso, as cortou no formato 56 x76 cm, escreveu o prefácio em 8 páginas, encadernou e pronto! Estava concluído o livro, Shadows from the Walls of Death (Sombras dos muros da morte). Porém apenas um livro, não era suficiente; fez mais 100 exemplares que foram doados por Kedzig a bibliotecas em todo o estado de Michigan.
Atualmente existem apenas duas das 100 cópias; uma está na Universidade de Michigan e a outra na Michigan State University. É claro que os dois exemplares ainda são tóxicos e tiveram suas páginas encapsuladas para impedir o contato com o arsênico; porém, mesmo assim, quem for fazer alguma pesquisa terá que usar luvas para manipular suas páginas. Ao que parece, a intenção de Kedzie funcionou. .F
Com informações
Focou??? Fúlvio Garcia
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