sexta-feira, 22 de abril de 2016

Impressões digitais




Na superfície da pele das mãos e pés humanos, existem as conhecidas impressões digitais ou mais tecnicamente, datilograma ou dermatóglifo; esses relevos epidérmicos além de cumprirem a função fisiológica de facilitar a apreensão de objetos, formam também padrões individuais, imutáveis durante a vida do indivíduo e distintos até em gêmeos univitelinos; acredita-se que a chance de que uma mesma impressão digital, ocorra em duas pessoas é de 1 em 64 bilhões; desta forma, essas marcas individuais são a forma mais antiga e geral de identificação segura e eficaz.
Mão, pintada na pré-história, próximo a um
 precipício na Nova Escócia

Desde a antiguidade, o homem tenta criar um método de identificação eficaz; os babilônios por exemplo já utilizavam as impressões deixadas pelos dedos, no intuito de impedir possíveis falsificações nos documentos emitidos pela burocracia; na China do século VII, o marido que quisesse se divorciar da mulher, deveria dar a ela um documento que continha as suas impressões digitais, já no século IX, na Índia os analfabetos tinham  documentos com digitais impressas a tinta (bem parecidos com os de hoje em dia); porém o mais interessante dentre todos esses exemplos é a palma da mão e suas linhas digitais, pintada na beirada de um precipício na Nova Escócia; esta pintura rupestre, data da pré história. Sem dúvida é de longas datas o interesse do homem pelas linhas presentes nas mãos e pés, principalmente nas polpas dos dedos.

A necessidade de segurança, obriga constantemente que novos sistemas sejam desenvolvidos e os mais antigos sejam aperfeiçoados; ao longo da história, muitos cientistas forenses e inventores tentaram encontrar um método exato; o grande problema enfrentado é que num grande grupo de pessoas, é difícil, mas não impossível que possam existir dois indivíduos mais ou menos iguais e daí certamente haverá transtorno para a autoridade responsável pela identificação e sobretudo para o identificado. Um exemplo de erro de identificação foi o que ocorreu na penitenciária federal americana de Leavenworth em 1903; Willian West ao chegar à penitenciária, negou que já havia estado preso anteriormente o que foi comprovado como verdadeiro; tratava-se de um erro de identificação; todos os seus dados e medidas, comparados ao de Will West (este sim, já havia estado atrás das grades), eram iguais inclusive as fotos. Vejam a semelhança no Focográfico abaixo:

1- Willian West. 2- Will West
 Nesse tempo, o sistema antropométrico de Bertillon  ainda estava em uso. Foi necessário a comparação das digitais para se comprovar a verdade. Finalmente, descobriu-se que havia um  Will West e um Willian West e que este, até aquela data, nunca fora preso.

Alphonse Bertillon  criou seu
próprio método antropométrico.

Alphonse Bertillon foi um oficial da polícia francesa que criou um método de identificação baseado na comparação das medidas do corpo humano. Na antropometria (sistema de Bertillon) a comparação de digitais  não era o elemento principal; ao que parece, Bertillon não percebeu o quanto as digitais eram exatas e muito mais difícil de se repetir; na Bertillonage (método antropométrico desenvolvido por Bertillon)  haviam 3 fichas para comparação que formavam 9 grupos, subdivididos em 3 subgrupos. Inicialmente se dividia dois grupos um de sexo e o outro de idade do indivíduo. O terceiro grupo era o grupo das cabeças: sua escala ia de 185mm a 190mm; nele se media o tamanho da cabeça, determinando-o em pequeno, médio e grande. Essas fichas eram guardadas em armários específicos para cada medida que eram representadas por símbolos registrados nas fichas de cartolina onde eram colocados também uma fotografia de frente e as impressões dos dedos polegar, indicador, médio e anular direito, sendo anotados a filiação, os antecedentes, as marcas e anomalias corporais e os dados pessoais. Quando surgia uma ocorrência, tudo que se tinha a fazer era anotar os símbolos dos padrões pré definidos. Era simples, e a primeira vista, ocupava pouco espaço e pouco tempo na procura das fichas; porém logo os crimes foram se avolumando e as fichas, ora vejam, também; a quantidade de pessoas com medidas iguais e as vezes certa semelhança física se mostrou um problema insolúvel para a bertillonage; então o método foi ficando cada vez menos acreditado por ser complicado e impreciso; foi então que a impressão digital começou a ser usada como uma opção  muito mais segura, rápida, simples e barata. 
A formação das marcas ventrais no quirodáctilo (ou o popular “dedo”) aparecem, segundo estudos, já no sexto mês de gravidez e salvo por queimadura ou alguma lesão profunda, se mantêm as mesmas até a morte.
Papilograma com os tipos de marcas digitais

As glândulas secretoras eliminam o suor por meio dos poros que, na mão estão localizados nos lados das cristas papilares. Esses poros derramam quantidades microscópicas de suor nas papilas, mistura-se com a gordura natural da pele (presente também em quantidades microscópicas)  então quando manipulamos qualquer objeto de superfície lisa ou polida, as marcas da formação papilar são deixadas, como nossa assinatura. É, exatamente, esta assinatura que o assassino deixa, junto com outros indícios, na cena do crime e é por ela que o perito primeiro procura, no intuito de definir a identidade do autor do crime. Foi graças a necessidade de estabelecer provas com bom nível de confiabilidade que as simples investigações das cenas dos crimes, se transformaram em ciência aplicada; daí as marcas papilográficas receberam estudos mais rigorosos.  
Juan Vucetich


Com base nos estudos do antropólogo inglês Francis Galton, o argentino-croata Juan Vucetich  iniciou um trabalho mais aprofundado e criterioso sobre as impressões digitais. Para ele, o sistema de identificação por meio das marcas deixadas pelos dedos, eram bastante precisas e deveriam ser agregadas também nas cédulas de identidade. Desde essa época até os dias atuais, este método é usado. Em setembro de 1891 Vucetich fez os primeiros registros digitais do mundo com as marcas de 23 processados; em seguida, o método foi testado com 645 detentos da prisão de La Plata, sendo adotado oficialmente, em 1903, pela polícia de Buenos Aires, depois que Vucetich ajudou a elucidar o crime praticado por Francisca Rojas.
Polegar direito de Francisca Rojas
a primeira pessoa a ser identificada
e condenada a partir de suas
impressões digitais.
Este caso de assassínio entrou para a história policial como o primeiro no qual foi usado o estudo das impressões digitais para esclarecer um crime.

O caso  

No dia 29 de junho de 1892, Francisca Rojas cortou a garganta de seu filho Ponciano Carballo Rojas (com 6 anos) e na seqüência sua filha Tereza (com 4 anos). Para dissimular sua culpa, abriu um talho (superficial, é claro) na sua garganta. Quando a encontraram prostrada na sua cama, com os dois pequenos cadáveres, ela culpou seu vizinho Pedro Ramon Velázquez. Num primeiro momento, os policiais que atenderam ao caso, prenderam Pedro, mas por não confessar e não se ter uma prova consistente para leva-lo à prisão, as investigações se estenderam por mais tempo e foi aí que o método de Vucetich fez a diferença, pois logo foram encontradas as marcas digitais, impressas com sangue, na porta da caixa de correio. Como Francisca insistiu desde o princípio que não havia tocado nos corpos dos filhos, aquelas marcas ensanguentadas só poderiam ser do assassino. Vucetich analisou as digitais e excluiu a possibilidade de ser do acusado (Pedro); daí, só foi preciso apenas um pouco de pressão e Francisca confessou o duplo filicídio.  
A utilização das impressões digitais continuam sendo um excelente meio de identificação de pessoas, e um método seguro e eficaz na perícia criminal; mesmo que novas formas de identificação apareçam, as digitais sempre serão utilizadas dado o seu baixíssimo custo, rapidez e precisão.
                                                                                                                                      Focou???

Fúlvio Garcia
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