Uma grande vilã pode se tornar uma grande aliada
O glioblastoma é um dos cânceres mais comuns e agressivos que afetam o cérebro e a coluna vertebral; representam cerca de 15% dos tumores cerebrais e podem se desenvolver a partir de células da glia (células não neuronais que proporcionam suporte e nutrição aos neurônios) normais ou de um astrocitoma (outro tipo de tumor malígno) de baixo grau, já existente. O que torna o glioblastoma tão letal é o seu crescimento acelerado; até mesmo em casos onde se conseguiu retirar, cirurgicamente, 99,99 por cento de sua extensão, pode haver o surgimento de um novo tumor do mesmo tamanho do que foi extraído, em curto espaço de tempo. Atualmente não se tem conhecimento dos fatores que ocasionam o seu surgimento e ainda não há cura. Devido a dificuldade de tratamento, a expectativa de vida é bem pequena.
Apesar de ser uma doença grave e incurável, há uma luz no final do túnel e ela está sendo ascendida por um outro vilão da saúde humana: a Salmonella typhimurium, um dos agentes causadores da gastroenterite.
Cientistas da Duke University e Georgia Tech modificaram geneticamente a Salmonela para não produzir sua própria purina (componente importante de várias biomoléculas); daí elas vão buscar a tão importante enzima onde elas abundam: nas células malignas do tumor que são, então, destruídas.
A salmonela modificada foi aplicada em ratos de laboratório acometidos de glioblastoma; o resultado dos estudos iniciais demonstraram que os ratinhos submetidos à terapia bacteriana, tiveram uma sobrevida de aproximadamente 100 dias, enquanto os que não receberam a salmonela, apenas 26.
Os Tumores cerebrais se desenvolvem sem formar uma fronteira clara, misturando-se às células sadias e assim tornando a cirurgia, muitas vezes, inútil; daí sem a capacidade de eliminar todas as células cancerosas, os tumores voltam ao seu tamanho inicial em um curto espaço de tempo.
A salmonela poderá ser usada como principal tratamento ou então como adjuvante, atuando logo após à cirurgia e eliminando as células cancerosas que não foram removidas na intervenção cirúrgica.
As equipes de cientistas das duas universidades estão otimistas quanto à nova aliada e já pretendem melhorar a capacidade de ataque da salmonela para que ela se torne ainda mais eficiente no combate ao câncer de cérebro. .F