A viagem no tempo é uma possibilidade que enfrenta várias barreiras físicas e paradoxos intransponíveis, entre eles o famoso Paradoxo do avô.
Depois que foi imaginada por H.G. Wells no seu livro The Time Machine, a viagem no tempo alcançou a consciência popular e também tornou-se foco de uma problematização no mesmo nível de complexidade de outras que já foram propostas ao longo dos mais de 2 mil anos de reflexão filosófica. A origem do problema é a seguinte: Se fosse possível retroceder no tempo, mudaríamos a história? Se, por exemplo, fosse possível impedir o nascimento de Josef Stálin, o curso dos acontecimentos futuros seria mudado? ou melhor, matando o bebê que se tornaria o genocida sanguinário suas vítimas poderiam ser salvas? A resposta aparentemente é afirmativa. Matando o bebê Josef Stálin, o homem Stálin certamente não se tornaria o secretário geral do partido comunista e do comitê central. Se isso não acontecesse, os milhões de opositores ao seu governo, dentro e fora da União soviética, não seriam perseguidos ou mortos, certo? Não totalmente; o personagem histórico poderia não se tornar o responsável pelas inúmeras perseguições e mortes que aconteceram, mas mesmo assim elas poderiam acontecer a mando de outros chefes comunistas até mais psicopatas do que o próprio Stálin (o partido comunista estava cheio de psicopatas; Stálin na verdade era apenas mais um entre muitos outros). As variáveis são infinitas e o problema não para por aí.
Além da questão filosófica que se utiliza e ao mesmo tempo revela duas formas possíveis de abordagem do problema, de um lado a que considera o caráter multifacetado da tecitura da História e do lado totalmente oposto a existência de uma intencionalidade racional, surge também uma outra questão de natureza totalmente lógica e a primeira vista insolúvel.
Se ao invés de retroceder no tempo e matar um psicopata membro de um partido corrupto e assassino, você matasse seu avô? Teríamos formalmente um paradoxo impossível de ser solucionado.
Se você pudesse ir a mais ou menos 70 anos atrás e matasse seu avô, ainda bebê, obviamente ele não cresceria e não estaria no momento certo e no local certo para encontrar sua avó; se isso não acontecesse eles não iriam se casar; logo, seu pai não existiria e não conheceria sua mãe, daí você não existira e se você não existisse como poderia voltar no tempo para matar o seu avô?
Os filósofos, matemáticos e físicos que já forçaram seus neurônios para analisar a possibilidade da viagem no tempo, concordam: Existe alguma possibilidade em ir para o futuro, mas para o passado, ela é nula! Para Stephen Hawking, a simples ausência de turistas vindos do futuro, já é uma prova que a ida ao passado é uma coisa que não pode ser feita.
Os especialistas sustentam que recuar no tempo e matar o próprio avô não é possível devido a vários problemas físicos como por exemplo as barreiras impostas pelo o princípio da conservação de energia e também a existência de vários paradoxos, entre eles o paradoxo do avô, é claro. Mesmo sabendo que é impossível retroceder no tempo, existem pelo menos três soluções lógicas (formais) para o paradoxo do avô.
Stephen Hawking |
A primeira solução é bem materialista e sugere que o presente é um acontecimento que deriva do que aconteceu antes dele, mas existe por si mesmo, independente do passado que foi presente algum dia, mas que já desapareceu dando lugar ao agora; desta forma, não há dependência alguma do que está acontecendo com o que já aconteceu e mesmo que você vá para o passado e mate seu avô ainda bebê, sua existência não seria afetada, pelo fato de você pertencer a um presente que existe independentemente.
Na segunda possibilidade lógica, se admitirmos teoricamente uma viagem para o passado, ela seria para o passado, mas em um universo paralelo ao que estamos; esta possibilidade vem da Física teórica moderna; neste universo paralelo, a viagem ao passado já estaria descrita; ele seria totalmente semelhante ao nosso; você encontraria o seu avô e caso o matasse, não haveria nenhuma conseqüência para o seu universo; ou seja, você continuaria existindo, mesmo que seu avô tivesse morrido antes de conhecer sua avó. A volta no passado levaria sempre ao passado numa realidade similar e paralela à nossa.
A terceira solução seria possível levando-se em conta uma intencionalidade para tudo o que ocorre no universo. Se o universo não for apenas um amontoado de planetas, estrelas, corpos celestes que surgiu do nada e é mantido por forças cegas que só podem gerar o caos, e uma sorte do acaso não fez com que surgíssemos e tivéssemos inteligência suficiente para discutirmos este paradoxo, há uma inteligência por trás de tudo que acontece; se assim for, o tempo é pré-definido e não é permitido regressar para tempos atrás do que estamos (o presente); sendo assim podemos pensar que o nosso universo é único e que há uma inteligência protegendo o livre curso dos acontecimentos históricos e assim não permite turismo no passado.
Mesmo que houvesse a possibilidade concreta de uma viagem no tempo (neste caso para o futuro), ela estaria muito distante da realidade tecnológica do mundo atual. A viagem para o futuro é coisa para o futuro! .F
Focou??? Fúlvio Garcia