Depois da cremação tudo o que resta são cinzas não do corpo como um todo, mas apenas de algumas partículas inorgânicas presentes nos ossos.
O costume de incinerar o cadáver até se tornar cinza é muito antigo e está presente em várias civilizações na história. Por volta de 1.000 antes de Cristo os sofisticados gregos e romanos cremavam os seus mortos. Além de ser uma prática higiênica havia também a motivação religiosa; neste contexto, a cremação era o destino final de todos os homens que tivessem uma vida ilibada perante os deuses e a sociedade; os assassinos, suicidas e criminosos não podiam passar pelo mesmo processo, para não contaminar o fogo que era visto como sagrado; a regra para a cremação não parava por aí; os gregos e romanos realmente pensavam em tudo! Se por acaso uma descarga elétrica acertasse um homem, o azarado também não poderia ser cremado, pois ser morto por um raio não era considerado "azar" mas sim uma maldição lançada por ninguém mais ninguém menos que Júpiter (correspondente na mitologia romana a Zeus) deus dos raios e trovões e chefão dos outros deuses. Em algumas sociedades o ritual de cremação transforma-se numa festa pois representa a libertação da alma. Em Bali, a cremação ocorre com uma cerimônia incrivelmente elaborada que inclui várias etapas até o ponto principal que só acontece quando a alma do morto é libertada; na cultura balinesa somente as chamas podem conferir liberdade à alma; sendo assim, os que morreram e não estão ainda no dia propício para serem cremados, são enterrados temporariamente até chegar o dia da festa. A tecnologia moderna ainda não interferiu no método de cremação de corpos em Bali; lá tudo é feito como se fazia nos tempos antigos.
Em Bali a cremação é uma festa |
Na antiguidade o ritual de cremação era feito colocando o corpo suspenso sobre uma fogueira, levando muitas horas para ser totalmente consumido pelas chamas; nem sempre o resultado era perfeito. Com o tempo as técnicas de cremação ficaram mais sofisticadas até o uso de fornos super quentes projetados especificamente para transformar em cinzas qualquer cadáver humano, num período de tempo relativamente curto.
Nos anos 70 em países mais desenvolvidos os crematórios se tornaram numerosos; na Inglaterra, por exemplo, nesta mesma época, já havia quase 190 crematórios, realizando 300.000 cremações por ano. A opção por cremar o cadáver ao invés de sepultá-lo está tendo atualmente maior aceitação não apenas na Europa, mas em várias partes do mundo. No japão cerca de 99% dos mortos são cremados enquanto no Brasil, apenas 5%.
Como é feita a cremação?
Por determinação da justiça, o cadáver que vai ser cremado, deve aguardar 24 horas numa câmera resfriada, antes de ser submetido ao processo. É um período em que os familiares e a polícia podem requisitar o corpo.
Terminado esse período de segurança, o cadáver é levado até o forno já aquecido onde será incinerado por mais ou menos 2 horas a uma temperatura de aproximadamente 1200 ºC. No corpo humano não há nenhuma célula que resista a uma temperatura tão alta; então os tecidos passam instantaneamente do estado sólido para o gasoso; sendo assim, sob a altíssima temperatura, dos jatos de fogo, o cadáver começa a sumir, ou melhor a evaporar. Tudo o que resta após o processo, são as cinzas, não do corpo como um todo, mas de algumas partículas inorgânicas presentes nos ossos.
O Forno
O forno é constituído por uma câmera primária onde são queimados o caixão, o corpo e as roupas do morto; na câmera secundária, acontece a queima da fumaça e o resíduo da queima desses gases são expelidos sem cor e sem odor por uma chaminé, não afetando em nada o meio ambiente.
Muitos defendem a cremação como sendo uma prática higiênica pois não há contaminação do meio ambiente com os restos mortais em decomposição, além de econômica, já que não é preciso ocupar enormes espaços públicos com cemitérios. Há também os que por motivos particulares e religiosos defendem o sepultamento; enquanto isso as opções para o "destino final" crescem a cada dia e vão desde os mais antigos (cremação e sepultamento) até as novidades como sepultamentos submarinos, transformações de cinzas em cristais, envio de restos mortais para o espaço, conservação por criogenia e a cada vez mais popular, entre os ecologicamente corretos, biocremação ou hidrólise alcalina que é um processo em que o cadáver é colocado em uma câmara de alta pressão inundada com água fervendo (300 ºC) e hidróxido de potássio (KOH), que liquefaz as partes moles, restando apenas os ossos que são incinerados depois. Em uma época onde as novas tendências surgem a todo momento e em todas as áreas, garantindo que a vida seja vivida com toda intensidade, a morte inevitável continua sendo uma preocupação de todos, uma chance de grandes negócios para quem continua vivo e um variado campo de opções de como se deseja passar a eternidade. Opções é o que não falta! .F
Em FOCO - Dia de finados
Focou??? Fúlvio Garcia