Embora esta descoberta forneça uma maneira de identificar individuos em risco de desenvolver um CCM, há apenas medidas paliativas contra ela.
Mais uma vez o sistema digestivo pode ser o responsável por um problema grave no cérebro. Numa recente pesquisa realizada por uma equipe internacional liderada por pesquisadores da Universidade da Pensilvânia, foi descoberto que colônias de bactérias atuando no estômago podem levar a acidentes vasculares cerebrais denominados malformações cavernosas cerebrais (CCMs). A notícia ruim neste caso está falta de tratamento contra esse problema, sendo que até agora existem somente cuidados paliativos. Descobrir o que causa essas anormalidades poderia levar a tratamentos que os bloqueiam antes mesmo de ocorrerem.
A equipe de cientistas estudou camundongos geneticamente modificados que estavam propensos a desenvolver lesões vasculares em seus cérebros. Essa condição, segundo estudos anteriores, podem ser causadas por mutações genéticas. Esses genes normalmente suprimem os principais sinais que afetam o crescimento das células cerebrais que compõem as paredes dos vasos sanguíneos.
Os cientistas estudaram descendentes de camundongos geneticamente manipulados e ao que parece, alguns dentre eles demonstraram resistência ao desenvolvimento das lesões, mesmo possuindo uma das mutações CCM. Alguns dos filhotes desses camundongos ainda desenvolveram as malformações. Um outro teste foi feito onde 16 camundongos "resistentes" receberam uma dose de Bacteroides fragilis que é uma bactéria gram negativa encontrada normalmente no intestino. Mais da metade desenvolveu baços inflamados e também lesões vasculares cerebrais. Ou seja, essas bactérias se deslocam do local onde estão para o cérebro e aí afetam os seus vasos sanguíneos.
O CCM pode ser provocado pela ativação de receptores imunes no luminal da barreira hematoencefálica; entretanto, isso ainda precisa ser confirmado. Quando os receptores imunes, chamados TLR4, são ativados por uma endotoxina, as células da barreira hematoencefálica são encorajadas a crescer anormalmente. Os genes relevantes normalmente evitariam essa malformação, mas nos ratos com versões modificadas, não há nada para interromper o processo. Em seres humanos, as alterações no receptor imune TLR4 podem ser associados também com mutações CCM.
A Comparação que a equipe de cientistas fez entre os ratos suscetíveis a CCM criados em condições livres de germes e aqueles criados em condições menos estéreis demonstrou que as bactérias no ambiente desempenham um papel fundamental em transformar uma mera mutação em uma doença mortal.
A conclusão preliminar dos cientistas envolvidos no estudo foi que a manipulação do microbioma intestinal é a melhor estratégia para tratar a CCM. .F
Com informações Science Alert