As libélulas são muito velozes e eficientes no vôo. Além disso elas podem armazenar energia e enquanto houver uma fonte de alimento, eles podem continuar voando.
Você em algum momento de sua vida, já quis ser uma mosquinha para ver o que alguém está fazendo reservadamente? Se a resposta é não, parabéns, você é uma pessoa muito discreta. Porém nem todo mundo é assim, muito menos os jornalistas, os detetives e os espiões. Foi, talvez, pensando neles que os Cientistas do The Charles Stark Draper Laboratory, Cambridge, Massachusetts, e do Instituto Médico Howard Hughes (HHMI), Ashburn, na Virgínia começaram um projeto para desenvolver, ora vejam, um inseto ciborgue.
O bichinho escolhido é um pouco maiorzinho que uma mosca, mas terá ampla capacidade de se infiltrar em qualquer lugar; estamos falando da libélula.
A idéia é bem fácil de entender: os cientistas criaram uma pequenina "mochila" eletrônica que é presa nas costas da libélula e assim elas passam a ser controladas remotamente. Mas como isso é possível? Ora, o empreendimento técnico-científico conta com uma parte da equipe que está estudando os neurônios do inseto e tentando fazer com que, por meio de biologia sintética, eles se tornem sensíveis à luz, inserindo genes semelhantes aos encontrados naturalmente no olho; uma outra parte da equipe, tenta desenvolver optrodes, que são minúsculas estruturas ópticas submilimétricas que podem ativar neurônios de direção com pulsos de luz provenientes dos cabos da "mochila". Os optrodes permitem uma ativação neural precisa e direcionada e isso impede a interrupção dos milhares de neurônios que estão próximos. "Esses neurônios de direção funcionam como um joystick; eles recebem comandos para a esquerda e para a direita. Há também um monte de outros neurônios que controlam os músculos das asas e mantêm o vôo estável". explica Jesse Wheeler, engenheiro e pesquisador, um dos integrantes da equipe. Embora os neurônios possam ser estimulados usando eletricidade, isso não é uma opção viável quando se lida com um sistema nervoso do tamanho do existente no inseto. Os neurônios de direção estão em um minúsculo cordão nervoso de cerca de 250-300 mícrons de diâmetro. Com dimensões tão reduzidas, não é possível injetar uma corrente elétrica de forma precisa apenas nos neurônios que interessam. A Optogenética proporciona, assim, um grau de precisão muito maior. Com ela é possível estimular seletivamente o número certo de neurônios do inseto e assim controlar a direção do vôo.
Os cientistas preferiram usar a libélula por motivos práticos; uma delas diz respeito à aerodinâmica que tem regras imprevisíveis em níveis micro; se os pesquisadores optassem agora em desenvolver uma libélula totalmente mecânica, teriam que parar tudo o que estão fazendo para se dedicar unicamente a um sistema mecânico miniaturizado e eficiente que oferecesse as mesmas possibilidades do pequeno "helicóptero" (a libélula), dentre eles a mesma velocidade que pode chegar a quase 50 km/h, e a capacidade de pairar de cabeça para baixo e permanecer voando por muito mais tempo do que uma libélula totalmente robótica.
Os testes vão começar daqui a poucos dias, quando será verificada a tecnologia da mochila protótipo. O vôo de teste inaugural ocorrerá no ambiente sintético do HHMI. "Estamos agora em um ponto onde temos nossa mochila de primeira geração completa. Podemos colocar isso na libélula, e podemos começar a desenvolver nossos algoritmos de rastreamento ", revela Wheeler.
Joe Register, diretor técnico de Draper no programa DragonflEye, descreve a próxima experiência como um teste sem fio. "Vamos usar nossas comunicações e nossos sensores de navegação a bordo", explica. "A primeira experiência será apenas dados de navegação. Estamos verificando se a carga útil que criamos tem o peso, os pontos de dados e as taxas de atualização corretas."
Os dados fornecidos pela mochila eletrônica serão comparados com as informações de localização e navegação fornecidas por um número de câmeras dentro do ambiente sintético. "O primeiro passo é certificar-se de que podemos acompanhar com precisão a sua trajetória. Por enquanto não vamos tentar mudar o vôo da libélula ".
Se tudo der certo, os pesquisadores pretendem passar para a outra etapa que é o controle do pequeno espião, usando aí sim a estimulação luminosa. A equipe de cientistas terá ainda que aperfeiçoar bastante seu projeto até que ele esteja apto para executar missões de reconhecimento militar, de busca e salvamento além é claro, a mais óbvia de todas: a espionagem. .F
Com informações Signal Afcea