Nos jogos olímpicos da antiguidade, não existiam 2º nem 3º lugar, muito menos medalhas. Os que venciam as provas, eram homenageados com prêmios que simbolizavam glória e honra. Se você leu o artigo Jogos Olímpicos, viu que os campeões recebiam como prêmio pela vitória, uma coroa de louro ou de oliveira, ambas retiradas de árvores sagradas que estavam no templo de Zeus.
Mas e as medalhas?
As medalhas começaram a aparecer a partir do sec. XV na Itália renascentista, mas nada tinham a ver com premiação nos jogos olímpicos. Para entendermos o significado que elas tem hoje, vamos ver primeiro outro tipo de premiação mais antiga e totalmente relacionada com o ato de vencer uma disputa: os troféus.
Origens militares
O troféu nada mais era que uma "recompensa" militar. Quando o combate acabava, os vencedores levavam algo do inimigo para "marcar" aquela vitória; era uma lembrança do êxito guerreiro que ficaria na memória tanto dos que lutavam como também da posteridade. Esse costume deve ter surgido naturalmente entre os guerreiros antigos.
De armas a pedaços do corpo do inimigo.
Não pensem que os troféus se resumiam a apenas a jóias e outros objetos valiosos tirados do inimigo; os que venciam levavam, como troféus do campo de batalha, pedaços de vestimenta, jóias, armas e também partes do corpo; sim, decepar e levar como troféu, a cabeça ou as mãos do oponente derrotado era muito natural. No relato bíblico, por exemplo, visto em I Samuel 17: 54, logo após ter vencido Golias, Davi levou a cabeça do gigante derrotado para Israel e as armas dele para sua tenda;
um outro exemplo (geograficamente e temporalmente mais próximo a nós), desta prática, ocorreu no Brasil na ocasião da morte do cangaceiro Lampião; a polícia levou não apenas as armas, mas também as cabeças de nove membros do bando, incluindo aí a cabeça do seu líder; em seguida, foram exibidas durante um bom tempo em várias cidades nordestinas.
um outro exemplo (geograficamente e temporalmente mais próximo a nós), desta prática, ocorreu no Brasil na ocasião da morte do cangaceiro Lampião; a polícia levou não apenas as armas, mas também as cabeças de nove membros do bando, incluindo aí a cabeça do seu líder; em seguida, foram exibidas durante um bom tempo em várias cidades nordestinas.
De homenagem à premiação esportiva
O troféu passou com o tempo a ser utilizado também como premiação por outros grandes feitos que não eram necessariamente provenientes do campo de batalha; começaram a ser confeccionados primeiramente em metal e mais tarde em diversos outros materiais incluindo aí os sintéticos. As medalhas que no sec XV eram apenas para homenagear algum personagem ilustre ou comemorar alguma data importante, também passaram a ser entregues por organizações importantes, sociedades acadêmicas ou qualquer instituição que quisesse premiar indivíduos que se destacassem dos outros, por algum motivo.
Ouro, Prata e Bronze
Na primeira olimpíada da era moderna, não houve moeda de ouro. Os vencedores ganharam medalhas de prata. Somente nas Olimpíadas de 1904 é que os vencedores passaram a ganhar medalha de ouro. Talvez você nunca tenha tido a curiosidade de saber o porquê de premiar os vencedores com medalhas de ouro, prata e bronze que representam respectivamente o primeiro, segundo e terceiro lugar.
O que hoje parece perfeitamente natural e foge de qualquer dúvida, foi inspirado na mitologia grega. O poema de Hesíodo, O trabalho e os dias, fala sobre as cinco eras do homem.
Na primeira era vemos a raça de ouro que viveu sobre a terra, livre dos cuidados e sofrimentos. Essa primeira raça foi transformada em gênios bons, guardiões dos mortais. Quando o período desta raça acabou, surgiu a era da raça de prata e logo em seguida a da raça de bronze. Na de prata, os indivíduos vivem uma longa infância de cem anos, mas quando se tornam adultos, ao que parece, pensam que podem continuar na brincadeira e entregam-se aos excessos e além disso esquecem-se do culto aos imortais; com o passar de sua era, foram transformados em gênios inferiores, chamados bem aventurados. Na de bronze, os homens são violentos e fortes, criando armas de bronze, matam uns aos outros e então adivinha para onde Zeus envia eles? Se você está pensando num lugar subterrâneo, cheio de fogo... acertou: para o Hades (o inferno para os antigos gregos)
Eras de Ouro, Prata e Bronze! O que isso tem a ver com esportes ou com Olimpíada? Bem... Não tem nada a ver! Foi a organização dos jogos olímpicos em 1904 que resolveu usar esta passagem do poema de Hesíodo como modelo para criar a premiação para as três categorias de campeões. Só isso!
Para quem ficou curioso em saber quais são as últimas duas raças de homem, continue focado nesta super notícia:
Quando a raça de bronze se extinguiu, Zeus resolveu criar uma raça que combateu em Tróia e Tebas e para eles foi reservada a ilha dos Bem Aventurados, onde vivem muito felizes, longe dos mortais; essa quarta raça é a dos Heróis. A quinta e última raça é a de ferro na qual há incessantes fadigas, misérias e angústias, mas as vezes algum bem vem misturado aos males. É nesta era que a humanidade está atualmente desde..., ora vejam, Hesíodo! Para nós, da raça de ferro, está reservado dias terríveis!
"O pai não se assemelhará ao filho, nem o filho ao pai; o hóspede não será mais caro ao seu hospedeiro, nem o amigo a seu amigo, nem o irmão a seu irmão".
Focou ???
Fúlvio Garcia