Dia 25 de dezembro. O que há de tão especial nesta data?

Com o passar dos tempos, vários costumes se agregaram à comemoração do nascimento de Cristo

Qualquer pessoa sabe que o dia 25 de dezembro é o dia de Natal. Esta data é comemorada todo ano e tem um significado religioso muito importante (para os cristãos) pois é o dia do nascimento de Jesus Cristo; porém esta data não é verdadeira e seu antigo significado está muito distante do cristianismo.

Na história verdadeira, Jesus Cristo não nasceu no dia 25 muito menos no mês de dezembro. A Bíblia relata o local, nos evangelhos de Mateus e Lucas, mas não fornece nenhuma informação mais específica a respeito do dia ou da época do ano  em que o Rei dos judeus e Salvador da humanidade, veio ao mundo. Contudo passagens dos dois evangelhos deixam, pelo menos, uma evidência que torna possível sabermos mais ou menos quando o fato mais importante da história (pelo menos para os cristãos) ocorreu.

No  Evangelho de São Lucas do capítulo 2 versículo 8  em diante, há o relato de que na época do nascimento de Jesus, os pastores estavam no campo pastoreando suas ovelhas quando um anjo surgiu e deu a boa nova. Os rebanhos eram pastoreados no campo, da semana que antecede a Páscoa (finais de março) até meados de novembro; devido ao frio do inverno, os pastores levavam suas ovelhas para um local coberto e evitavam a permanência ao ar livre, principalmente durante a noite; ou seja, esta é uma indicação importante de que o nascimento de Jesus não ocorreu em dezembro em pleno inverno, época do ano que tornaria a permanência ao ar livre desconfortável para pastores de ovelhas, principalmente se fossem enfrentar uma vigília a noite. Para corroborar com esse fato, houve um recenseamento ordenado por César Augusto pouco antes do dia em que Jesus nasceu; provavelmente esta ordem, para alistar todo mundo, tinha o objetivo de arrecadar impostos ou até recrutar homens para o exército; quem estivesse em locais mais distantes teria que enfrentar alguns dias de caminhada; seria improvável que Augusto provocasse o povo com uma ordem tão impopular e ainda por cima fizesse isso em pleno inverno.  

A época provável

Conforme consta em Lucas 3:23, Jesus tinha trinta anos quando iniciou seu ministério que durou 3 anos e meio; se fizermos a contagem regressiva a partir da sua morte com 33 anos que (segundo João 19: 14 a 16) se deu durante a páscoa judaica, chegaremos a outubro e nunca a dezembro.

Por que dia 25 de dezembro?

Esta data resulta de uma adaptação da igreja católica no século III à festa do deus Sol no solstício de inverno e também à saturnália, uma festa romana em honra ao deus Saturno. 

Sendo cristã, a igreja tinha que comemorar o nascimento de Cristo; o papa logicamente sabia que Jesus não nasceu em dezembro, mas em outubro; porém, os povos pagãos adoravam o tal de deus Sol que nascia, ora vejam,  todo ano no solstício de inverno, trazendo "a luz para o mundo". Por que não juntar uma coisa com a outra? Afinal a diferença é de apenas 2 meses! E foi com esse pensamento, que nos finais do segundo século em diante, o nascimento de Cristo começou a ser comemorado no dia 25 de dezembro. Com o passar do tempo vários costumes foram se agregando ao natal e tornou a festa muito mais mundana do que religiosa, inclusive com a influência marcante da saturnália em que havia um banquete público seguido de troca de presentes, tudo sob uma atmosfera carnavalesca que certamente faria o Momo se sentir em casa. Durante a saturnália, a ordem da sociedade era subvertida: os senhores se faziam de servos e estes de senhores; nenhum assunto sério poderia ser debatido; predominavam os assuntos leves, levianos, a gozação, o escárnio, a falta de decoro. No tempo de Cícero, a saturnália começava no dia 17  de dezembro e durava 7 dias; Augusto tentou diminuir para apenas 3 dias com o objetivo de que não houvesse a falta de administração pública por muito tempo, já que tudo estava entregue "as baratas" (igual ao que acontece hoje em dia com o carnaval), mas depois Calígula ampliou para 5. Como a saturnália era uma festa muito importante para os romanos, é evidente que a igreja católica fizesse a maior questão de incorporá-la de alguma forma ao cristianismo; pois foi o que fizeram, e a adaptação pagã ao cristianismo foi muito bem aceita pelos romanos; então, o natal verdadeiramente cristão sofreu mais uma das várias miscigenações culturais que estariam a sua espera durante os dois milênios de história que lhe aguardava.  .F

Focou???   Fúlvio Garcia

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