A história familiar só é possível quando podemos saber de onde viemos, ou seja, que famílias existiam em tempos atrás e quem se uniu com quem até surgir a geração atual. É claro que existe uma forma fácil de sabermos um pouco mais sobre os nossos antepassados; são as histórias contadas pelos nossos avós ou parentes mais antigos; porém, existe uma ciência para fazer isso, obviamente com maior certeza e rigor: a Genealogia.
A palavra vem da língua grega Gene (geração, família) e logos (conhecimento, estudo); sua contribuição para o conhecimento histórico está na organização das famílias e linhagens. Em tempos passados, a Genealogia era muito importante na comprovação da hereditariedade no momento da divisão da herança entre os herdeiros que não eram tão conhecidos, ou então em traçar a linha sucessória na monarquia. Mas não é somente isso; a genealogia servia também para definir o status social; pelo menos aqui no Brasil era assim. Controlando a posição dos indivíduos por meio dos seus respectivos sobrenomes, a sociedade Luso-brasileira era tacitamente excludente; assim por exemplo, para assumir o oficialato no Exército era necessário possuir algum peso social no sobrenome; o mesmo acontecia para quem desejasse cursar a faculdade ou ser um cônego. As coisas realmente não eram nada fáceis para os que não possuíam ascendência nobre.
Como surgiram os Sobrenomes?
Como surgiram os Sobrenomes?
Os sobrenomes não existiram sempre; até a Idade Média, era muito mais comum o uso apenas do primeiro nome; porém com o aumento populacional, isto já no início da modernidade, as migrações e a mistura entre povos, foi surgindo naturalmente a necessidade de acrescentar mais um nome ao que já existia; caso contrário, chegaria um momento em que haveria confusão na identificação das pessoas. Mas como acrescentar um novo nome? Pois bem, a solução, pelo o que se pode perceber foi bem natural e simples: os sobrenomes vieram dos pais (os nomes patronímicos, por exemplo: MacDonald - "filho de Donald", Andersen - "filho de Ander", Esteves - "filho de Estevão") do ofício que realizava (ex: Ferreira) do local de origem (ex: Lago, Monte Alto, dos Campos); havia também os sobrenomes inspirados em motivos religiosos (Trindade, Batista, dos Santos), e características familiares (Nobre, Leal, Gentili) os exemplos se multiplicam e seguem a mesma lógica nas outras línguas. Cada vez mais a adoção de um sobrenome foi se tornando essencial para a identificação individual; isto se torna óbvio quando pensamos no aumento da população mundial e nos avanços da tecnologia e da segurança de informação. Ou seja, se o sobrenome não existisse ainda..., certamente teria que ser inventado!
Quando o sobrenome vem primeiro
Ao que parece, quem primeiro teve a idéia de introduzir o sobrenome foram os chineses do império Fushi em 2852 a.C. nesta época é claro, todos no Ocidente tinham apenas um único nome. Quem era João era somente João e pronto! Na China, usava-se 3 nomes: o primeiro era o sobrenome que tinha que ser retirado do poema sagrado Po-Chia-Hsing, daí vinha o nome da família que por sua vez era retirado de um outro poema que continha 30 personagens; a família tinha que escolher um personagem; o nome próprio vinha no final.
Na Roma antiga
Em Roma, quem tinha nome, poderia ter prenome, nome familiar e até nome que celebrasse um ato ilustre. Interessante não? e também estranho? Pois bem, o praenomen (Prae- antes de. Nomen - nome) em Roma era o que hoje conhecemos por nome próprio; como acontece nos dias atuais, eram os pais que escolhiam o praenomen e somente a família chamava a pessoa pelo praenomen. A maioria das mulheres não tinham praenomen; elas recebiam o nome coincidente com o da sua família; assim por exemplo as meninas da família Cornélia sempre chamavam Cornélia sendo que eram-lhes atribuídas um cognome correspondente a um numeral (prima, secunda, tercia ...) para que houvesse a distinção de uma pessoa para outra.
O cognome era o terceiro nome do cidadão romano e era por ele que o conheciam; assim o nome de César completo era Caio Julio César sendo que "Caio" era praenomen e "Julio" o nome gentílico a qual ele pertencia (a gens Júlia) e "Cesar" o cognome (veja o Focográfico abaixo):
O cognome servia também para distinguir uma família específica dentro da própria gens. Era passado de pai para filho. Como o cognome é na verdade uma alcunha, era baseado numa característica pessoal. Assim se por exemplo João era um indivíduo de baixa estatura, recebia a alcunha de pequeno ficando "João Pequeno". Ocorria também o inverso como no caso de César: ele era calvo e César quer dizer "peludo"
O Agonome era um segundo cognome e servia como uma forma de distinguir um indivíduo na mesma família formando assim um subgrupo familiar. Havia casos em que o agonome era utilizado para resaltar um grande feito. É o caso de Cipião Africano que teve o nome de nascimento Públio Cornélio Cipião e depois que venceu Aníbal na África tornou-se Cipião Africano; "Africano" serve para marcar a sua vitória contra o general cartaginês.
As mulheres romanas recebiam o nome dos pais no gênero feminino. A filha de Caio Júlio César seria chamada de Júlia Césaris (sufixo "is" para dizer que era filha de César) e se ele tivesse mais uma filha, à mais velha seria acrescentado um terceiro nome: "Maior" e à mais nova: "Minor" (menor) ficando então, Júlia Césaris Minor.
Focou ???
Fúlvio Garcia