Na superfície da pele das
mãos e pés humanos, existem as conhecidas impressões digitais ou mais
tecnicamente, datilograma ou dermatóglifo; esses relevos epidérmicos além de cumprirem a função fisiológica de facilitar a apreensão de objetos, formam também
padrões individuais, imutáveis durante a vida do indivíduo e distintos até em
gêmeos univitelinos; acredita-se que a chance de que uma mesma impressão
digital, ocorra em duas pessoas é de 1 em 64 bilhões; desta forma, essas marcas
individuais são a forma mais antiga e geral de identificação segura e eficaz.
Mão, pintada na pré-história, próximo a um precipício na Nova Escócia |
Desde a antiguidade, o
homem tenta criar um método de identificação eficaz; os babilônios por exemplo
já utilizavam as impressões deixadas pelos dedos, no intuito de impedir
possíveis falsificações nos documentos emitidos pela burocracia; na China do
século VII, o marido que quisesse se divorciar da mulher, deveria dar a ela um
documento que continha as suas impressões digitais, já no século IX, na Índia
os analfabetos tinham documentos com digitais impressas a tinta (bem
parecidos com os de hoje em dia); porém o mais interessante dentre todos esses
exemplos é a palma da mão e suas linhas digitais, pintada na beirada de um
precipício na Nova Escócia; esta pintura rupestre, data da pré história. Sem
dúvida é de longas datas o interesse do homem pelas linhas
presentes nas mãos e pés, principalmente nas polpas dos dedos.
A necessidade de
segurança, obriga constantemente que novos sistemas sejam desenvolvidos e os mais
antigos sejam aperfeiçoados; ao longo da história, muitos cientistas forenses e
inventores tentaram encontrar um método exato; o grande problema enfrentado é
que num grande grupo de pessoas, é difícil, mas não impossível que possam
existir dois indivíduos mais ou menos iguais e daí certamente haverá transtorno
para a autoridade responsável pela identificação e sobretudo para o
identificado. Um exemplo de erro de identificação foi o que ocorreu na
penitenciária federal americana de Leavenworth em 1903; Willian West ao chegar
à penitenciária, negou que já havia estado preso anteriormente o que foi
comprovado como verdadeiro; tratava-se de um erro de identificação; todos os
seus dados e medidas, comparados ao de Will West (este sim, já havia estado
atrás das grades), eram iguais inclusive as fotos. Vejam a semelhança no Focográfico abaixo:
1- Willian West. 2- Will West |
Nesse tempo, o sistema
antropométrico de Bertillon ainda estava
em uso. Foi necessário a comparação das digitais para se comprovar a verdade.
Finalmente, descobriu-se que havia um
Will West e um Willian West e que este, até aquela data, nunca fora preso.
Alphonse Bertillon criou seu próprio método antropométrico. |
Alphonse Bertillon foi um
oficial da polícia francesa que criou um método de identificação baseado na
comparação das medidas do corpo humano. Na antropometria (sistema de Bertillon)
a comparação de digitais não era o elemento principal; ao
que parece, Bertillon não percebeu o quanto as digitais eram exatas e muito
mais difícil de se repetir; na Bertillonage (método antropométrico
desenvolvido por Bertillon) haviam 3 fichas para
comparação que formavam 9 grupos, subdivididos em 3 subgrupos. Inicialmente se
dividia dois grupos um de sexo e o outro de idade do indivíduo. O terceiro
grupo era o grupo das cabeças: sua escala ia de 185mm a 190mm; nele se media o
tamanho da cabeça, determinando-o em pequeno, médio e grande. Essas fichas eram guardadas
em armários específicos para cada medida que eram representadas por símbolos
registrados nas fichas de cartolina onde eram colocados também uma fotografia
de frente e as impressões dos dedos polegar, indicador, médio e anular direito,
sendo anotados a filiação, os antecedentes, as marcas e anomalias corporais e
os dados pessoais. Quando surgia uma ocorrência, tudo que se tinha a fazer
era anotar os símbolos dos padrões pré definidos. Era simples, e a primeira
vista, ocupava pouco espaço e pouco tempo na procura das fichas; porém logo os
crimes foram se avolumando e as fichas, ora vejam, também; a quantidade de
pessoas com medidas iguais e as vezes certa semelhança física se mostrou um problema insolúvel para a
bertillonage; então o método foi ficando cada vez menos acreditado por ser complicado e
impreciso; foi então que a impressão
digital começou a ser usada como uma opção muito mais segura, rápida, simples e barata.
A formação das marcas
ventrais no quirodáctilo (ou o popular “dedo”) aparecem, segundo estudos, já no
sexto mês de gravidez e salvo por queimadura ou alguma lesão profunda, se
mantêm as mesmas até a morte.
Papilograma com os tipos de marcas digitais |
As
glândulas secretoras eliminam o suor por meio dos poros que, na mão estão
localizados nos lados das cristas papilares. Esses poros derramam quantidades
microscópicas de suor nas papilas, mistura-se com a gordura natural da pele
(presente também em quantidades microscópicas) então quando manipulamos
qualquer objeto de superfície lisa ou polida, as marcas da formação papilar são
deixadas, como nossa assinatura. É, exatamente, esta assinatura que o
assassino deixa, junto com outros indícios, na cena do crime e é por ela que o
perito primeiro procura, no intuito de definir a identidade do autor do crime.
Foi graças a necessidade de estabelecer provas com bom nível de confiabilidade
que as simples investigações das cenas dos crimes, se transformaram em ciência
aplicada; daí as marcas papilográficas receberam estudos mais rigorosos.
Juan Vucetich |
Com base nos estudos do antropólogo inglês Francis Galton, o argentino-croata Juan Vucetich iniciou
um trabalho mais aprofundado e criterioso sobre as impressões digitais. Para
ele, o sistema de identificação por meio das marcas deixadas pelos dedos, eram
bastante precisas e deveriam ser agregadas também nas cédulas de identidade. Desde essa época até
os dias atuais, este método é usado. Em setembro de 1891 Vucetich fez os
primeiros registros digitais do mundo com as marcas de 23 processados; em
seguida, o método foi testado com 645 detentos da prisão de La Plata, sendo
adotado oficialmente, em 1903, pela polícia de Buenos Aires, depois que Vucetich ajudou a elucidar o crime praticado por Francisca Rojas.
Este caso de assassínio entrou para a história policial como o primeiro no qual foi usado o estudo das impressões digitais para esclarecer um crime.
O caso
No dia 29 de junho de 1892, Francisca Rojas cortou a garganta de seu filho Ponciano Carballo Rojas (com 6 anos) e na seqüência sua filha Tereza (com 4 anos). Para dissimular sua culpa, abriu um talho (superficial, é claro) na sua garganta. Quando a encontraram prostrada na sua cama, com os dois pequenos cadáveres, ela culpou seu vizinho Pedro Ramon Velázquez. Num primeiro momento, os policiais que atenderam ao caso, prenderam Pedro, mas por não confessar e não se ter uma prova consistente para leva-lo à prisão, as investigações se estenderam por mais tempo e foi aí que o método de Vucetich fez a diferença, pois logo foram encontradas as marcas digitais, impressas com sangue, na porta da caixa de correio. Como Francisca insistiu desde o princípio que não havia tocado nos corpos dos filhos, aquelas marcas ensanguentadas só poderiam ser do assassino. Vucetich analisou as digitais e excluiu a possibilidade de ser do acusado (Pedro); daí, só foi preciso apenas um pouco de pressão e Francisca confessou o duplo filicídio.
A utilização das impressões digitais continuam sendo um excelente meio de identificação de pessoas, e um método seguro e eficaz na perícia criminal; mesmo que novas formas de identificação apareçam, as digitais sempre serão utilizadas dado o seu baixíssimo custo, rapidez e precisão.
Fúlvio Garcia
Polegar direito de Francisca Rojas a primeira pessoa a ser identificada e condenada a partir de suas impressões digitais. |
O caso
No dia 29 de junho de 1892, Francisca Rojas cortou a garganta de seu filho Ponciano Carballo Rojas (com 6 anos) e na seqüência sua filha Tereza (com 4 anos). Para dissimular sua culpa, abriu um talho (superficial, é claro) na sua garganta. Quando a encontraram prostrada na sua cama, com os dois pequenos cadáveres, ela culpou seu vizinho Pedro Ramon Velázquez. Num primeiro momento, os policiais que atenderam ao caso, prenderam Pedro, mas por não confessar e não se ter uma prova consistente para leva-lo à prisão, as investigações se estenderam por mais tempo e foi aí que o método de Vucetich fez a diferença, pois logo foram encontradas as marcas digitais, impressas com sangue, na porta da caixa de correio. Como Francisca insistiu desde o princípio que não havia tocado nos corpos dos filhos, aquelas marcas ensanguentadas só poderiam ser do assassino. Vucetich analisou as digitais e excluiu a possibilidade de ser do acusado (Pedro); daí, só foi preciso apenas um pouco de pressão e Francisca confessou o duplo filicídio.
A utilização das impressões digitais continuam sendo um excelente meio de identificação de pessoas, e um método seguro e eficaz na perícia criminal; mesmo que novas formas de identificação apareçam, as digitais sempre serão utilizadas dado o seu baixíssimo custo, rapidez e precisão.
Focou???
Fúlvio Garcia